sexta-feira, 5 de maio de 2017

arco-iris..

Queria estar ouvindo o som da sua respiração ao invés do barulho que o motor do ônibus faz. Essas despedidas sempre tendem a piorar, apesar de imaginarem o contrário: 'ah, mas acostuma né’; 'ja tá calejada’; não, não é assim. É sempre como se fosse a vez que mais doesse, e deve ser mesmo. A cada vez que te vejo me esperando na rodoviária me ilumino de certezas, e a cada vez que te vejo pela janela do ônibus deixo um pedacinho de mim contigo. É muito difícil ser inteira sozinha, depois de nós. Nem me venham com o papo de que temos que ser inteiros sozinhos pra conseguir ser a metade de alguém. Eu já fui dessas e descobri que quando se é sozinho é fácil ser inteiro. Quando se ama, a gente se doa. A gente se doa tanto, que confunde o próprio ser com o ser que ama. A gente quer se fundir com o outro e virar uma coisa só… E por isso eu desabo quando te vejo pela janela dando tchau até o ônibus desaparecer. Me sinto vazia no instante que deixo de te ver. Sei que a melancolia também faz a sua parte e deixa tudo mais cinza, mas a gente supera. A gente supera tudo, todos os kms, toda a virtualidade e todos os obstáculos que a distância acarreta. A gente supera pq sabe, de forma bem clichê, que depois da tempestade vem o arco íris, e o nosso vai ser um daqueles, digno de admiração.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

...de mim pra ti

Ultimamente não tenho escrito muito sobre nós. Não sei qual é a sua magia, mas não preciso colocar rabiscos no papel pra conseguir entender o que se passa comigo. Não preciso separar as peças pra depois encaixar, porque já está tudo do jeito que deveria ser. Também não entendo essa minha mania de querer botar em pauta, ou em linha, só as coisas que me afligem. Poderia transferir um pouco dessa culpa para a humanidade, que nunca se contenta em estar contente, e só sabe tagarelar a respeito das tragédias desse mundo. Mas a verdade é que você é diferente. E por ser diferente, seria injusto usar a mesma linguagem que outrora descreveu desamores.
Você me trouxe um novo ar. Você pegou tudo que havia em mim, e deixou mais bonito. Chegou de repente, e de repente vi tudo acontecendo. Me reconheci na sua alma, e já era sua antes mesmo de imaginar qual seria o tom da sua voz. Me embriago de você, repassando todo o nosso filme, e não me canso de enxergar você ao meu lado, segurando minha mão. 
Pra não correr o risco de perder, eu registro tudo que há entre nós, em mim. Seu carinho, seu cuidado comigo, nossas brincadeiras e nossa intimidade. A sensação de tocar na sua barba e enrolar seu cabelo com os dedos. A troca de olhares constante, só pra checar o brilho do olho. Registro todos os pôr (e nascer) do sol regados a vinho e amor, e as batidas do seu coração que me ninam quando deitamos pra sessão Netflix. Você chegou com algo diferente, e esse algo me parece tão certo quanto aquela profecia. 
Estamos nos descobrindo na mais pura essência, entre erros e acertos, onde apenas sentir é permitido, seguindo com a mesma força de vontade de evoluir e transbordar. É assim que vejo a gente. E sei que é recíproco. Então, que transborde.. Que transborde de mim pra ti... e vice versa.

sábado, 7 de maio de 2016

...passarinhos


Sentei na minha varanda, triste, tristinha, por essas coisas que vem junto com o amor, sabe? E então olhei pra imensidão do céu, e me confortei. Bem lá no alto, dois passarinhos desenhavam no céu, juntos, (quase) sincronizados. E sorri, bem boba. Sorri alegre. Sorri com o coração tranquilo. Sorri, pois apesar da imensidão do céu, os passarinhos estavam lá, dançando no compasso da música deles. Sorri, pois eles se afastavam e então se aproximavam. Talvez eu seja dessas moças, muito tolas, que vê o amor em tudo, mas e daí? Talvez eu seja dessas que acha que o universo sempre traz coisas boas, mas entendendo que as coisas boas não existem sem as ruins.. Sorri feito boba por ver a gente na imensidão, e ainda assim sincronizados na nossa frequência, com todos os altos e baixos que uma boa música exige. Vi a gente voando por aí, se escolhendo. Vi a gente seguindo um rumo, mesmo que indefinido, num compasso meio descompassado, mas juntinhos. Talvez eu seja dessas que metaforiza e intensifica tudo que vê, mas e daí? Pois então, me peguei sorrindo, e vi a gente sendo passarinho.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

...um 'M' como elo

Pra começar, me desculpe o mal jeito enferrujado. E me desculpe pela demora em te teorizar. Mas sabe, meu amor, já há algum tempo venho te rascunhando e tentando te condicionar em palavras. Escrevo e apago, releio e acho injusto. Acho injusto por ter que seguir padrões da língua que se repetem, quando nossa linguagem é em outra frequência, outra sintonia. Mas acho mais injusto ainda, não te lerem através de mim. Ainda mais sendo você. Sabe, meu amor, eu já meio que te amava quando as estrelas te apontaram pra mim no acaso. E eu já meio que te amava quando devaneamos juntos pela primeira vez, migrando para uma dimensão só nossa. Talvez tenha sido a energia, a sinergia, a magia. Talvez a liberdade em poder só ser. Talvez a intimidade que encontrei no seu olhar. Ou talvez, tudo isso tenha sido consequência de algo muito maior. E por consequência disso tudo, que eu não vejo mais outra mão na minha, além da sua. Apesar dos apesares, e esses apesares serem dolorosos km's, me sinto infinita. Me sinto infinita por poder te amar e amar todas as entrelinhas do nosso amor. Por poder sentir sua falta e por sentir a dor de não poder te contar as coisas do meu dia, deitada no seu colo. Me sinto infinita por ter sua alma, colorindo a minha. E sabe, meu amor, quero ser com você. Quero dividir uma pizza e uma coca. Quero dividir um vinho, uma risada, uma indecisão boba, uma tarde preguiçosa na cama. Quero dividir, pra transbordar. Quero dividir, porque não faz mais sentido olhar pras estrelas e não lembrar nossa história. E insisto em dizer, que mesmo tendo verbalizado essa história aqui, te escrevi em mim, no mais secreto do meu ser, para poder delirar na sua leitura, enquanto sussurra nosso amor, fazendo uso da nossa linguagem.