sexta-feira, 5 de maio de 2017

arco-iris..

Queria estar ouvindo o som da sua respiração ao invés do barulho que o motor do ônibus faz. Essas despedidas sempre tendem a piorar, apesar de imaginarem o contrário: 'ah, mas acostuma né’; 'ja tá calejada’; não, não é assim. É sempre como se fosse a vez que mais doesse, e deve ser mesmo. A cada vez que te vejo me esperando na rodoviária me ilumino de certezas, e a cada vez que te vejo pela janela do ônibus deixo um pedacinho de mim contigo. É muito difícil ser inteira sozinha, depois de nós. Nem me venham com o papo de que temos que ser inteiros sozinhos pra conseguir ser a metade de alguém. Eu já fui dessas e descobri que quando se é sozinho é fácil ser inteiro. Quando se ama, a gente se doa. A gente se doa tanto, que confunde o próprio ser com o ser que ama. A gente quer se fundir com o outro e virar uma coisa só… E por isso eu desabo quando te vejo pela janela dando tchau até o ônibus desaparecer. Me sinto vazia no instante que deixo de te ver. Sei que a melancolia também faz a sua parte e deixa tudo mais cinza, mas a gente supera. A gente supera tudo, todos os kms, toda a virtualidade e todos os obstáculos que a distância acarreta. A gente supera pq sabe, de forma bem clichê, que depois da tempestade vem o arco íris, e o nosso vai ser um daqueles, digno de admiração.

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